O poema abaixo, da fase pós-Ímpeto, foi escrito por volta de 1992, baseado num aforismo composto por meu amigo Caius: "O homem é um deus que não deu certo." Pensando nisso imaginei os seguintes versos sendo recitados por um jogral, em que cada uma das filas repetisse o verso recitado pela anterior, criando assim um eco que realçasse a reiteratividade de cada uma das ações aqui apresentadas. Claro, a métrica obedece à concretude com que outrora tanto flertei:
Nasce chora caga mija e dorme
Chora mama caga mija e dorme
Chora mama caga mija e dorme
Chora come caga mija e dorme
Brinca briga chora come e dorme
Brinca briga chora come e dorme
Estuda brinca briga come e dorme
Trabalha estuda come e dorme
Trabalha estuda come e dorme
Trabalha estuda come e dorme
Trabalha estuda namora come e dorme
Trabalha estuda namora come e dorme
Trabalha estuda noiva come e dorme
Trabalha estuda noiva come e dorme
Trabalha se forma come e dorme
Trabalha casa come fode e dorme
Trabalha come fode e dorme
Trabalha come atura mulher e filho fode e dorme
Trabalha come fode e dorme
Trabalha come fode e dorme
Trabalha come fode e dorme
Trabalha come fode e dorme
Trabalha come fode e dorme
Trabalha come fode e dorme
Se aposenta come fode e dorme
Come fode e dorme
Come fode e dorme
Come fode e dorme
Come fode a paciência alheia e dorme
Come e dorme
Come e dorme
Come e dorme
Come e dorme
Come e dorme
Come e dorme
Come e dorme
Dorme
(De vez.)