Páginas

sexta-feira, 10 de junho de 2011

Elo

[Durante as férias de julho no já longínquo ano de 1986, eu e meu amigo Dimas de Fonte passamos diversas tardes conversando sobre os mais diversos assuntos de nossos muitos interesses comuns: esoterismo, música, quadrinhos, namoros, literatura etc; Enfim, discutíamos de tudo, no melhor estilo  "Homem-Aranha  do gibi, Bob Dylan, Zaratustra, Dorival Caymmi, e o meu xará que é o Jorge Ben", como dizia meu guru Jorge Mautner. E foi assim, numa daquelas tardes de sol invernal que, empolgados pelas nossas respectivas -muitas- leituras, que compusemos dois poemas dos quais até hoje me orgulho, e dois quais compartilho um com vocês agora. O outro virá em outro momento. E, embora pautados hoje nas palavras do Raulzito, discutindo "as verdades do Universo e a prestação que vai vencer", orgulho-me em afirmar que aquela conversa ainda não acabou.]

ELO

Quando teus olhos me fitam
Com sua luz provinda
Do fundo d’alma, que refletes linda,
No universo sem fim do mundo,
Faz com que meus pensamentos reflitam:

“Ainda que te vejas bela
Da beleza que em ti pousa
Somente minha pequena e singela
Tentativa que um poeta ousa
De mostrar teus encantos
E de ver-te linda em os recantos.”

De tu’alma que a minha torna em prantos
Por tua indiferença
Que a mim cega e entorpece
Um coração onde só tua lembrança permanece

Sofrendo como sofre um louco
Na loucura alegre de tua presença
Ainda que demores, fica tão pouco.
És da cura de um doente a convalescença.

Onde recupero a saúde que perdi
No momento em que tudo se foi
Para mim como para ti.
Loucura que vivemos os dois.

De lembrança agora vivo
Na solidão que me assalta
Apesar da dor, semblante altivo,
Em busca de outra para saciar tua falta.


Um comentário: